Sor Ulrich |
próximo inclusive. O manto da noite cobria nossas cabeças, mas escondia suas estrelas dos nossos olhos, mas o que era mais perturbador era a escuridão furiosa daquele céu avermelhado que mesmo até agora nega-se a fugir de minha memória.
Já tínhamos tido várias batalhas até aquele momento com poucas baixas.
Caminhávamos até a cidade mais próxima já preparados para uma batalha.
Percebiamos uma grande trilha e... vestigios de corpos humanos, espalhados pelo chão.
Nossos espiõs retornaram e nos disseram que a cidade aparentava desabitada. Nos apressamos em formação e preparados, o principe estava certo que haviam poucos homens na cidade e seria fácil toma-la sem guardas. Atravessamos um morro e conseguimos avisar a cidade do alto. Nenhum movimento, nem mesmo tochas ou sinais de vida. O Principe comandou que invadissemos todas as casas, e foi o que nossos soldados fizeram.
"Só corpos milorde!" - Gritou o capitão de uma das brigadas. Nós descemos a ribanceira para alcançar a cidade, nesse momento me desequilibrei e acabei caindo de mal jeito, foi o suficiente para que distraissem-se com o barulho de minha armadura com o chão ecoando no silêncio daquela noite tenebrosa. Me levantei com a ajuda do principe sorrindo de leve, gentil como sempre."Cuidado Sor Ulrich, a noite sabe como esconder os seus perigos".
Pedi desculpas ao Principe, e um instante depois notei os gritos e sons de batalha. Os mortos se levantavam da escuridão, armados e poderosos, e como demonios batalharam contra nós.
Suas cabeças caiam com nossos golpes mas eles continuavam avançando, nossos homens vossa majestade, se apavoraram e começaram a fugir, mas já era tarde, a cidade estava cercada pelos mortos que se rastejaram pelas nossas costas em silêncio. Lutamos sem escolha, pelas nossas vidas, e os mortos comiam a carne dos nossos soldados que caiam, o terror se espalhava quando os feridos eram levados pelos corpos que andam e devorados em nossa frente. Tinhamos 1 soldado para cada grupo de 5 mortos aparentemente, o principe lutou bravamente junto conosco majestade.
Foi quando algo atingiu minha cabeça e acordei ainda não certo de quanto tempo depois. Os mortos vivos estavam queimados, havia um grande cheiro de queimado, um homem me levantou, ele disse que precisava ir embora. Não vi mais ninguém ao meu redor, apenas corpos e mais corpos, incendios e gritos. Reparei mais prontamente e vi que o homem possuia uma veste negra e um manto com o qual cobria sua cabeça, tinha uma barba branca que deixava explicita sua idade avançada e utilizava uma espada de aço muito bem desenhada. Me levantei e comecei a procurar nosso principe, atravessando os corpos amontoados e queimados, meus companheiros que foram consumidos pela morte.
E ouvi um grito, o homem que me levantou pediu para que eu saísse de lá, aos berros. Não entendi o motivo e tentei descobrir olhando ao meu redor, e vi sombras se arrastando pelo chão, negras e cadavéricas, mas etéreas como espíritos dos contos mais fantasiosos. Elas caminhavam gerando um ruído terrível de lamento e arrastavam suas espadas pelo chão, o homem disse algumas palavras estranhas enquanto eu procurava minha espada, o espectro surgiu em minha frente e preparou - se para me atacar, tentei passar minha arma mas ela não o feriu! Ele inclinou seu braço e quando ia liberar seu ataque o monstro ferveu em combustão explodindo em chamas. O homem estava com suas mãos apontadas para o monstro e com ar de cansaço, peguei minha espada e fugi, não acreditava que havia sido salvo por um herege usuário de magia, majestade, mas não vi outra escolha senão recuar... Não encontrei ninguém de pé e fui perseguido por diversos espectros, mas consegui fugir até a bahia e me dirigir até o nosso navio. Haviam marinheiros aguardando e eles me resgataram. Esta é a minha história vossa majestade, não sei para onde foram os soldados nem nosso principe, mas meu relatório não é nada favorável, o mal está naquele lugar majestade e o mal está tomando tudo e até os mortos para si.
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